quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Coma


Há semanas, uma amiga minha aqui da cidade, saiu para trabalhar e sofreu um acidente de carro. Como ela machucou a cabeça, os médicos acharam melhor coloca-la em coma induzido, até tudo desinchar. E assim ela está... há semanas.

Da janela da minha casa, eu consigo ver a janela do quarto de hospital dela. E é inevitável pensar que a vida segue, enquanto ela está lá. Ela tem família, filhos, trabalho, amigos, hobbies, assim como eu. Devia estar planejando a decoração de Natal, assim como eu. Ou o cardápio da semana ou como ia fazer para dar conta de tudo, nos prazos que tem. Como qualquer outra pessoa adulta, que gerencia mil coisas ao mesmo tempo.

Só que, diferente de nós, para ela o tempo parou. Alguém foi no mercado no lugar dela. Alguém leva e busca os filhos na escola. Alguém a substitui no trabalho, para manter as tarefas em dia. Se o quadro continuar como está, alguém vai participar da reunião de final de ano e ouvir orientações sobre os aprendizados e dificuldades das crianças, alguém vai assistir as apresentações de ballet e torcer pelo time de futebol. E não será ela.

Aqui em casa, temos 4 crianças. Três crianças e uma pré-adolescente, na verdade. A mais velha, o mais velho, a mais nova e o caçula. E me dói o coração só de pensar na possibilidade de não estar lá para vê-los crescer, entrar em crises existenciais e amadurecerem, tirarem boas notas em matemática, exibirem a dança ensaiada durante todo o ano, virem correndo me mostrar o novo desenho com as novas letras aprendidas - me pedindo para incluir as novas conquistas na exposição que temos na geladeira. Dói! E imagino essa mãe, dormindo por um mês e perdendo a queda do primeiro dente ou qualquer outro momento que não volta mais... Impossível não me colocar no lugar dela.

Sofro por ela, mas aprendo a lição!

Porque tem muita gente por aí, vivendo em coma voluntário. Daqueles que "nunca têm tempo" pra nada. Que passam a vida correndo, perdendo tempo com coisas que não são prioridade e deixando o importante da vida passar. Gente que "desmaia" na frente da TV ou do computador e fica lá... vendo a vida (dos outros, geralmente) de camarote, enquanto a vida real acontece ao lado dela e ela nem percebe.

Como conselhos a gente só dá quando os outros pedem, eu não pretendo aconselhar ninguém. Só falo por mim. Eu quero estar sentada na primeira fileira da vida daqueles que eu amo e quero que eles me vejam lá! Vibrando por eles, chorando com eles, curtindo com eles. Lá. Eu quero fazer parte da história deles, da melhor maneira que eu conseguir. E se a vida não me colocar em coma induzido, eu é que não vou me colocar!

7 comentários:

  1. Viver "Sempre", meu amor, em amor e por amor...

    ResponderExcluir
  2. Post maravilhoso! Quanta gente anda em coma voluntário por aí... Eu também não vou me colocar... Beijos :*

    ResponderExcluir
  3. Que triste essa situaçção da ta amiga e faz pensar mesmo! Ela foi acidente, outros escolhem viver assim, como se mortos estivessem, sem em nada "entrar" de cabeça. Pena!beijos,chica

    ResponderExcluir
  4. Seus textos são sempre muito envolventes! Sofri junto com você, me colocando no lugar da sua amiga. Espero que ela se recupere o mais breve possível, a tempo de compartilhar das alegrias de fim de ano de seus filhos e marido!
    B-jão!

    ResponderExcluir
  5. que texto maravilhoso, amiga!!! Um alerta e tanto!

    beijoca na bochecha

    ResponderExcluir
  6. Mirys! Que lindo!!!! Realmente entrar em coma voluntário é um problema, e quantas pessoas vejo, com inveja de outras, mas não saem daquele coma!

    Beijos a todo pessoal!

    ResponderExcluir
  7. Pois é... nessa de "não entrar em coma voluntário", eu quase entro em coma por exaustão! Vamos viver essa vida ao máximo, né people? E espalhar coisas boas por aí!

    Bjos e bênçãos.
    Mirys

    PS: H, te amo! Só pra constar...

    ResponderExcluir

Comentar é o seu jeito de fazer a minha bagunça mais feliz! Obrigada!

Pin It button on image hover